Ai Granada, Granada... cidade histórica referenciada por toda agente que encontrei no caminho até lá como um ponto de paragem obrigatório! Que bem que se está lá, para começar tive de emborcar muita água para curar a ressaca do dia anterior em Málaga o que tornou o principio um pouco mais difícil. Mas sem dificuldade não se tira prazer no que se faz, do fácil todo o homem é capaz, do díficil apenas alguns quantos destemidos... Granada é um labirinto de ruas, ruelas, praças e igrejas, pessoas e contrastes, cheiros apimentados e magia mulçumana. Até aos dias de hoje ainda é possível ver e sentir esse calor do norte de africa na vida da cidade. Em granada é sente-se a terra a respirar debaixo dos nossos pés e cada parede parece contar uma história de mil anos, de guerras, amores, loucuras e cantigas...
Milhões antes de mim se deixaram encantar pelos recantos mais históricos e conhecidos de Granada, a cidade no topo do morro Alhambra, com a sua beleza e arquitectura, que consegue estimular impressões do passado em todas as mentes, confesso que era a descobrir os jardins, os cantos, os caminhos para encaminhar a água, e foi descalço que senti a mística de Granada.
O meu lugar favorito de toda aquela cidade foi o Miradouro de S. Nicolau... o meu livro guia dizia que tinha uma vista espectacular e uma cena hippie. Eu descrevo a vista como um contraste de cores que enche a vista e tira o fôlego... Especialmente se ficarem lá durante várias partes do dia (eu cheguei lá eram quatro da tarde, sai de lá à meia noite). Mas não é só da vista que se faz aquele espetacular pedaço de vida, é os artistas, músicos, dançarinos e cantores que despem a sua pele de mortais e se imortalizam naqueles passeio, na vida daquelas pessoas que os vê e ouvem.. Eu, descalço como não podia deixar de ser, lá fiquei a embarcar no flamengo espanhol da calle, nas ganas de sentir o que se canta, no grito da guitarra e a dança de quem sente... qualquer pessoa estava convidada a se juntar, e mesmo sem dotes musicais era com uma força comum que todos contríbuiamos para o que se estava ali a passar... e era mágico, e era místico, e era vivo e fez sentir também a mim vivo e contente por estar aqui...
Pessoas com que partilhei algumas conversas:
Agostino: italiano, vivedor de rua, mais um vádio pelo mundo fora... se ficou em granada porque segundo o próprio estava-se bem aí.. Felicidade, pessoas, festas e granada foram alguns tópicos que decorreram até se acabar com as litrosas.
José: espanhol, tío de Jaen que procura trabalho por toda a Espanha... vai para um sítio fica lá a dormir onde pode e à procura de trabalho, se não encontra volta a sua casa. Aquelas últimas duas noites a rua foi a sua casa, e o trabalho não chegava para o josé, apesar da sua grande experiência de vida disse-me que nunca seria capaz de ir viajar sozinho pelo mundo, e que certamente iria encontrar boas oportunidades porque tinha estudos e coragem. Foi a minha companhia das 22h às 03h enquanto esperava o autocarro para Cartagena. Temas de conversa foram muitos: música espanhola, tabaco, espanha e portugal, crise, trabalho, viver na rua, família, contrabando e emigrantes...